29 de março de 2014

ainda

ainda sinto o cheiro de mato
dos pastos do jô raminho

ainda sinto as batidas do meu coração
em compasso com o estouro da boiada

ainda guardo nas retinas dos meus olhos
as charretes coloridas da praça da matriz


ainda tenho as cicatrizes nas pernas
dos jogos no campinho da estação velha

ainda correm pelo meu corpo franzino
as águas barrentas do rio doce

ainda escuto a sirene do recreio
no pátio iluminado do ginásio tiradentes


ainda sei desviar dos paralelepípedos
que eram colocados no calçamento das ruas

ainda hoje me sinto inteiro em cada poro
e em cada parte de mim porque tudo isso vivi

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