homenagem à minha cidade de Conselheiro Pena
quando nasci
o rio doce não tinha ponte
e a lua não era cheia
os índios Krenak tinham terras
os padres ainda usavam batinas
a igreja mantinha as portas abertas
e os sinos tocavam ao meio-dia
minha mãe, mulher guerreira
sabia receber gentes e parentes
fazia doces cristalizados
cuidava dos filhos como filhos mesmo
e ainda tinha tempo
para ir à manicure fazer as unhas
das mãos e, principalmente, dos pés
quando nasci
a cidade não tinha ruas calçadas
nem cinema e muito menos jardim
só a praça da matriz da igreja católica
a estação velha e o matadouro
o armazém do naninho e o bar do zé preto
o hotel da dona fia e a pensão do alidelmo
quando nasci
as curvas, os buracos
faziam parte das estradas
e do meu cotidiano
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