27 de abril de 2013

ainda há em mim

(minha sincera e saudosa homenagem à dona Marta)

ainda há em mim
uma pequena cidade
de terra fértil:
as micas, as pedras preciosas,
a planura, as serras
os rios e os sinos de igreja

ainda há em mim
uma estrada de ferro:
os trilhos, os pontilhões,
as curvas do rio, a distância,
o silêncio e os atrasos

ainda há em mim
um lugar de guardar sonhos
quando a vizinha
contava estórias de príncipes,
de fadas, de assombrações,
de procissões, de jardins,
de manhãs e das damas não recatadas

ainda há em mim
uma luz que nunca se apaga
voo de asas abertas
dos canários amarelos,
cabeça de fogo,
da minha infância
cheia de risos, de anjos
e de pães doces
e tatu
da padaria da dona Marta

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