6 de outubro de 2012

outro continente

(no passado, Lajão; hoje, Conselheiro Pena)

quando recebo notícias do outro continente
o meu coração torna-se um porto seguro
de emoções, saudades e lembranças vivas
palpita entre luas cheias e noites claras
e me leva à praça da matriz da igreja
onde os rapazes e as moças de família se cruzavam
era apenas "footing" de amenidades e paixões

quando recebo notícias do outro continente
já me vejo olhando da janela
a carrocinha trazendo leite fresco
nas manhãs quentes de um dia comum de verão
o vendedor de peixe vivo, de frango caipira e de caça silvestre

quando recebo notícias do outro continente
já me envaideço sob o sol de uma tarde bem comum
vestindo a melhor roupa para visitar os vizinhos
prosear levezas e mistérios
falar dos que foram e também dos que não foram
trocar receitas e amizades
até chegar as primeiras carícias da noite

quando recebo notícias do outro continente
a saudade transborda no meu peito
cabem todas manhãs e distâncias
só não cabe mesmo é esse imenso silêncio



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