17 de junho de 2012

não cabe

(ao continente chamado Conselheiro Pena,
encravado entre as montanhas e as serras das Geraes)

quando vêm notícias
do outro continente
já me vejo estrelas
iluminando a noite
o meu coração
torna-se um porto seguro
de emoções, saudades
e lembranças vivas
palpitam os meus olhos
entre luas cheias
e noites claras
e leva-me imediatamente
à praça da matriz
onde a caça e o caçador
andando lado a lado
flertavam as paixões

quando vêm notícias
do outro continente
já me vejo olhando da janela
a carrocinha trazendo
cheiro de leite fresco
nas manhãs quentes
de um dia comum de verão
o vendedor de peixe,
de ovos, de frango e de caça
oferecendo facilidades
como folhas desprendidas
de uma árvore morta
no alto do morro

quando vêm notícias
do outro continente
já me vejo sob o sol
de uma tarde bem comum
vestindo a melhor roupa
para visitar os vizinhos
como canto de pássaros
prosear levezas e mistérios
falar dos que foram
e também dos que não foram
trocar receitas e amizades
até chegar as primeiras
carícias da noite salpicada
de brilho como fino linho
bordado para o enxoval

quando vêm notícias
do outro continente
o verbo arde no meu peito
cabem manhã e tarde
mas não cabe silêncio

1 comentários:

regina ragazzi disse...

Oh Minas gerais! Terra que amo demais. Lindooo!!