28 de fevereiro de 2012

avô

para Plínio Monteiro de Magalhães Neto

é impossível conter
o sorriso de um avô
assim como o tempo
deixa marcas;
a alegria, também é assim
pode deixar sequelas
para o resto da vida

quando os filhos amadurecem
são os netos que preocupam

27 de fevereiro de 2012

praia

a maré é assim
traz espuma
leva areia

a vida também é assim
aproxima lonjuras
separa distância

tanto mar
tanto céu
abaixo do sol
a água salgada
invade a terra
e rasga o horizonte
fonte de luz
berço do silêncio

25 de fevereiro de 2012

haicais

depois do aguaceiro
o portão da entrada
não funciona mais

o abacateiro do quintal
com a nova estação
produz muito mais frutos

as tardes quentes
anunciam o fim do verão
e o atraso nos relógios

horário de verão
finalmente vai acabar
no próximo sábado

vai-e-vem

a maré é assim
traz espuma
leva areia

a vida também é assim
aproxima lonjura
separa distância

tanto mar
tanto céu
abaixo do sol
a água salgada
invade a terra
e rasga o horizonte

24 de fevereiro de 2012

Trem vai trem vem


A minha vida
Parece uma viagem de trem.
Todo dia tem uma partida
De um lugar
De uma estação.
E quando parte
Vai devagarinho
Bem devagarinho
Pra não acordar ninguém.

Trem vai trem vem
Trem vai trem vem.

22 de fevereiro de 2012

haicais

ao meio-dia, o sol,
pega a varinha mágica
e esconde todas sombras

à beira do rio doce
o homem paciente e só
vira exímio pescador

lá no céu, as estrelas,
iluminam a noite escura
aqui na terra, os pirilampos

20 de fevereiro de 2012

é assim

para Fabienne Paula Guerra

fabienne, o meu amor
por você, é assim
de um amor infindo,
que não precisa ser dito
nem se vê nos livros,
igual ao do poetinha,
eterno enquanto dura,
embora não seja chama

fabienne, o meu amor
por você, é assim
largo como o mar
e doce como as águas do rio
que invade sua casa
todo ano nas enchentes

fabienne, o meu amor
por você, é assim
alto quanto o pico
que vigia sua cidade
todos os dias de verão

fabienne, o meu amor
por você, é assim
sem barreira antes da vida
e sem limite depois da morte

fabienne, o meu amor
por você, é assim
corre nas veias
e no ar que respiro,
não está nas palavras
nem no canto de pássaros
mas no silêncio
que faz a saudade
do seu pai

18 de fevereiro de 2012

fevereiro

não é todo dia
que um planeta
volta para sua casa,
demora 165 anos,
é o que está acontecendo,
este mês, com Neptuno
e permanecerá em Peixes
nesses próximos 14 anos
como sou um bom pisciano
também estou voltando pra casa
no meio da folia de carnaval

17 de fevereiro de 2012

a espera

quero ver de novo
o seu sorriso,
a sua alegria
enchendo a minha vida
de equilíbrio e vento

quero ver o raio de sol
entrar nos quartos,
na sala, na cozinha
da nossa casa
e iluminar sua face

quero ver a sua lucidez
desmedida e polida
brilhar como a lua cheia
e os mármores das catedrais

quero ver a claridade
do amanhecer nos seus olhos
sem tristeza e sem dor
só pequeno rumor
entre o instante e o entardecer

quero ver o seu rosto
de ontem sim,cheio de vida,
de alegria e de felicidade;
o de hoje não, tão magro,
tão calmo e tão triste

meu coração, é feito de aço sim!
mas, não suporta ver você assim
e por isso chora todas as noites
a espera de um milagre,
de uma cura e de um sorriso

13 de fevereiro de 2012

silêncios

silêncio I

hoje minhas palavras
não querem dizer nada
o verso ficará mudo
e o poema manterá calado
hoje elas apenas
revelarão o meu silêncio
o meu pranto e a minha dor


silêncio II

no quarto escuro
pranteio todas as noites
em sonoros soluços
o dia parece tão longe
quanto o canto dos pássaros


silêncio III

a minha sina
é a memória perdida
a música sem partitura
as retinas sem claridade
e os lábios sem voz


silêncio IV

o tempo não deixou
nem pó pelo meu caminho
apenas pequenas gotas
de lágrimas nos meus olhos


silêncio V

enquanto o filho
tenta tirar as notas
das cordas do violão
o meu coração murmura
sustenido compasso
sem orquestra


silêncio VI

não sei se as nuvens
levam o vento
ou se é o vento que leva...
carrego na leveza
das asas da borboleta
as minhas lembranças perdidas
sem as manhãs perfumadas


silêncio VII

nada resiste ao tempo
nem as lágrimas nem o pranto
somente a semente que cai na terra
faz nascer a flor
e muito tempo depois, o fruto


silêncio VIII

ouço todas manhãs
os acordes dos ventos
o barulho da chuva
o canto dos pássaros
e as preces do meu coração
insone e atento


silêncio IX

o vento assobia
preces aos meus ouvidos
arrancando da memória
cada ilusão que o tempo
insiste em guardar
como se fosse uma canção


silêncio X

o meu pranto
é uma prece de alento
que a chuva não carrega
nem o vento afasta
apenas fere
esta manhã triste e fria

12 de fevereiro de 2012

a fonte

a fonte quando nasce
já sabe onde quer chegar
só não conhece o caminho

quedas e curvas
não impedem de chegar
apenas a distancia
um pouco mais

correntezas e remansos
podem retardar
mas não a retém
de chegar ao mar

11 de fevereiro de 2012

despertar

ando em um chão
que não existe
e em um caminho
que meus pés não sabem
percorrer.

tento abraçar a luz
de uma noite qualquer.

tudo é muito maior
que os meus braços
possam alcançar.

tudo está tão distante
que os meus olhos
não podem enxergar.

quero acordar
desse pesadelo
quero chegar logo
do outro lado.

10 de fevereiro de 2012

zelosa

(para minha tia e madrinha Penha Silveira)

ainda que eu tenha
todos os outonos
com seus doces frutos
não se comparam
com os dias que passei,
na minha primavera,
com a minha tia e madrinha
zelosa como os lírios
perfumada como as damas da noite
dócil como as margaridas
e atenciosa como as flores

ainda que eu tenha
todas as asas da liberdade
não alcançarei o céu
do seu paraíso, do seu lar
e da sua casa

hoje essas lembranças
ainda que tímidas,
servem-me de abrigo,
de alento
enquanto meu corpo,
no relento,
é levado pelo tempo
e pelo vento

8 de fevereiro de 2012

eu sei


hoje eu sei porque vivo,
vivo pra te amar
de manhã, de tarde
e de noite

hoje eu sei o que mais necessito
pra viver a vida muito mais feliz
é sonhar todo dia com a tua vida
é disso que mais preciso pra viver

5 de fevereiro de 2012

anjo mexicano


ao Miguel Rodriguez de Freitas (filho da minha amiga Laríssima)


outro nome não poderia ter
nasceu sob a sombra
de uma árvore frondosa
plantada à margem de um rio
de águas tranquilas e cristalinas

as mãos cerradas
guardam segredos;
os olhos, iguais da mãe, percorrem
horizontes azuis;
bochechas rosadas veio de longe
dos ancestrais;
a boca herdou do pai

arcanjo, o seu nome é doce,
vai muito além das fronteiras;
não é igual a ninguém

nasceu para ser
guardião de todas manhãs.

4 de fevereiro de 2012

A caminhada

guarda os preceitos
quem entende o amor
e lança fora o medo

o amor só permanece
onde não há desconfiança
nem contenda nem tormento

quem repara a força
do vento não caminha
sobre águas tranquilas
não são os pés
que levam para muito longe
mas é a fé Naquele
que sustenta o firmamento

2 de fevereiro de 2012

parte do todo

eu sou as nuvens
e você a chuva

eu sou o céu
e você o mar

eu sou a noite
e você as estrelas

eu sou o jardim
e você as flores

eu sou o trem
e você a partida

eu sou o campo
e você a montanha

eu sou o caminho
e você a chegada

eu sou o sol
e você a manhã

eu sou a parte
e você o todo

o que falta
na minha vida
a sua completa