é impossível conter
o sorriso de um avô
assim como o tempo
deixa marcas;
a alegria, também é assim
pode deixar sequelas
para o resto da vida
quando os filhos amadurecem
são os netos que preocupam
Viver é fácil. Conviver que é difícil.
A minha vida
Parece uma viagem de trem.
Todo dia tem uma partida
De um lugar
De uma estação.
E quando parte
Vai devagarinho
Bem devagarinho
Pra não acordar ninguém.
Trem vai trem vem
Trem vai trem vem.
para Fabienne Paula Guerra
fabienne, o meu amor
por você, é assim
de um amor infindo,
que não precisa ser dito
nem se vê nos livros,
igual ao do poetinha,
eterno enquanto dura,
embora não seja chama
fabienne, o meu amor
por você, é assim
largo como o mar
e doce como as águas do rio
que invade sua casa
todo ano nas enchentes
fabienne, o meu amor
por você, é assim
alto quanto o pico
que vigia sua cidade
todos os dias de verão
fabienne, o meu amor
por você, é assim
sem barreira antes da vida
e sem limite depois da morte
fabienne, o meu amor
por você, é assim
corre nas veias
e no ar que respiro,
não está nas palavras
nem no canto de pássaros
mas no silêncio
que faz a saudade
do seu pai
quero ver de novo
o seu sorriso,
a sua alegria
enchendo a minha vida
de equilíbrio e vento
quero ver o raio de sol
entrar nos quartos,
na sala, na cozinha
da nossa casa
e iluminar sua face
quero ver a sua lucidez
desmedida e polida
brilhar como a lua cheia
e os mármores das catedrais
quero ver a claridade
do amanhecer nos seus olhos
sem tristeza e sem dor
só pequeno rumor
entre o instante e o entardecer
quero ver o seu rosto
de ontem sim,cheio de vida,
de alegria e de felicidade;
o de hoje não, tão magro,
tão calmo e tão triste
meu coração, é feito de aço sim!
mas, não suporta ver você assim
e por isso chora todas as noites
a espera de um milagre,
de uma cura e de um sorriso
silêncio I
hoje minhas palavras
não querem dizer nada
o verso ficará mudo
e o poema manterá calado
hoje elas apenas
revelarão o meu silêncio
o meu pranto e a minha dor
silêncio II
no quarto escuro
pranteio todas as noites
em sonoros soluços
o dia parece tão longe
quanto o canto dos pássaros
silêncio III
a minha sina
é a memória perdida
a música sem partitura
as retinas sem claridade
e os lábios sem voz
silêncio IV
o tempo não deixou
nem pó pelo meu caminho
apenas pequenas gotas
de lágrimas nos meus olhos
silêncio V
enquanto o filho
tenta tirar as notas
das cordas do violão
o meu coração murmura
sustenido compasso
sem orquestra
silêncio VI
não sei se as nuvens
levam o vento
ou se é o vento que leva...
carrego na leveza
das asas da borboleta
as minhas lembranças perdidas
sem as manhãs perfumadas
silêncio VII
nada resiste ao tempo
nem as lágrimas nem o pranto
somente a semente que cai na terra
faz nascer a flor
e muito tempo depois, o fruto
silêncio VIII
ouço todas manhãs
os acordes dos ventos
o barulho da chuva
o canto dos pássaros
e as preces do meu coração
insone e atento
silêncio IX
o vento assobia
preces aos meus ouvidos
arrancando da memória
cada ilusão que o tempo
insiste em guardar
como se fosse uma canção
silêncio X
o meu pranto
é uma prece de alento
que a chuva não carrega
nem o vento afasta
apenas fere
esta manhã triste e fria
eu sou as nuvens
e você a chuva
eu sou o céu
e você o mar
eu sou a noite
e você as estrelas
eu sou o jardim
e você as flores
eu sou o trem
e você a partida
eu sou o campo
e você a montanha
eu sou o caminho
e você a chegada
eu sou o sol
e você a manhã
eu sou a parte
e você o todo
o que falta
na minha vida
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