6 de dezembro de 2009

Repouso

Meu pai já foi há muito tempo,
minha mãe avisto bem mais distante
e meus avós já foram para muito longe,
lá no longe dos longes.
Agora meus tios também se foram.
A terra escavada virou lençóis finos.
Onde moram meus antepassados.
Há moradas sim, depois do nada,
mas ainda não sei que estrada me leva para esse lugar.
Já me imagino nos longes
Onde, até a doçura, é azul.
Onde, ao pé da serra, a manhã

desce suavemente sobre a relva florida.
Já me imagino nas noites veladas
pelas estrelas salpicando raios brilhantes

e a luz clara, muito clara iluminando o infinito distante.
E eu, silencioso e calmo, apreciando a lua.
Já me imagino num vilarejo rural
onde as mulheres plantam flores,
dormem sempre ao cair da tarde
e acordam antes dos primeiros raios do dia.
Já me imagino afastado da rigidez
de ter que matar um leão todo dia,
ser alforriado dos ponteiros do relógio
e dos janeiros que caem como fruta madura.

3 comentários:

Anônimo disse...

Aêêê!!!!Maurinho.
Para os que foram...apenas alegres e
doces recordações.
E p/os que irão...muita paz e muito
amor no coração.valew........
Fik com Deus.Bjos.

Carlota Joaquina disse...

Muito lindo...tocante. Tbm me preocupo com o tempo, com a morte nunca, ainda não penso nela...com filhos tão novos tenho medo de chamá-la pra perto de mim, não a quero ainda, mas espero q qd ela vier (daq uns 45 anos, kkkk), q seja rápida ao me levar.

Marjorie disse...

paaaiiieeee!
Peraíiiiiiii!
moradas depois do nada? ser escravo do relógio? noites veladas?
Que poema póstumo!
Há a morte em todos os sentidos... e a natural virá temendo ou não... o que devemos temer é a morte do que temos em vida: os sonhos, amor, bons sentimentos, alegria...
Temos de ser gratos a Deus por cada janeiro e o amadurecimento que com cada um deles adquirimos!

bjus