29 de dezembro de 2009

Os mesmos olhos

Para a Sônia Pestana, amiga e guerreira (em algum lugar do passado e muito distante do meu presente)


Quero falar
daqueles sábados
e daquelas tardes
que sonhávamos
democratizar o País
e mudar o mundo
que girava ao nosso redor.

Quero falar
daquelas viagens
e daqueles passeios
que imaginávamos
fazer nas férias regulamentares
e passear nas noites claras
iluminadas pela lua cheia.

Quero falar
dos teus cabelos escuros
e dos teus olhos miúdos
que escondiam
todo o seu encanto.

Quero falar
da tua voz meiga
e dos teus trejeitos audazes
que agitavam
as nossa conversas amigáveis.

Quero falar
quando construímos sozinhos
não aqui na terra nem no céu
mas nossos ingênuos corações
um lugar muito melhor e feliz.

Quero falar
que não tenho mais
aquele coração audaz
mas ainda tenho os mesmos olhos
e o mesmo jeito selvagem
de olhar o mundo.

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