14 de fevereiro de 2009

História da minha cidade

Distocando e vassourando

Já viajei muito — disse Clemente — e nunca deixei de fazer qualquer coisa por estar com medo. A vida não perdoa os medrosos. A vida é do tamanho do nosso pensamento, não é mais nem menos.
Com essas palavras, Clemente passava o dia inteiro subindo e descendo as ruas da cidade. Podia estar chovendo ou fazendo sol. Sempre com uns ramos em uma mão e na outra uma vassoura de piaçava. Ia pela cidade varrendo as ruas e arrancando as flores dos jardins das casas.
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Foram muitos anos a rotina do Clemente pela cidade. Quando não estava varrendo as ruas e arrancando as flores dos jardins sentava nas calçadas para contar as suas histórias.
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A sua expressão atravessou várias gerações na cidade: distocando e vassourando.
Quando ele morreu a cidade ficou muito suja, mas toda florida.

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