31 de janeiro de 2008

haicai


30 de janeiro de 2008

haicai


29 de janeiro de 2008

Esquecidas, jamais!




Estas lembranças poderão ser copiadas e até reproduzidas; esquecidas, jamais. Copyright Mauro Lúcio de Paula (2ª parte do livro de memórias a ser publicado)





O sopro da liberdade me envolveu,
ainda no berço,
quando criança.


Enquanto o sabiá cantava no fundo quintal
eu ousava sem asas vôos matinais.


Nasci para me buscar sem tréguas,
nos impossíveis dos primeiros dias
e nas últimas lágrimas de mágoas noturnas.


Nasci para sentar à beira de um rio
E plantar jasmineiros e beber água corrente.


Nasci para morar numa casa
Que nunca passou chave na porta da frente.
Nunca ouvi o meu pai dizer
tranca a porta da casa
e tranca duas vezes o quarto do teu coração.


Chorar por amor não faz mal não.
E soluçar por uma paixão não é em vão não.
Mas não tranca a porta da sala não.


A minha vida não tem mistérios.
Uns amores impossíveis aqui,
rezas do terço às escuras ali,
sussurros e frases obscenas
e algumas culpas penhoradas.
Mas, o dia 31 de março,
eu me lembro muito bem,
ganhei um relógio de presente.


Eu vi tanque de guerra na rua
Eu vi bomba de gás chiando no chão.
Eu ouvi o choro de criança
Interromper os gritos dos calabouços.


Eu vi a mentira querendo prevalecer
E vencer a verdade dos homens de bem.


Minha bisavó sexagenária
Morreu, não por causa da idade.
Mas porque um dos seus vizinhos
Foi preso por uma causa revolucionária.


A cova da minha bisavó tem flores,
nos feriados de finados.
A do seu vizinho não.
Não existe cova nem ossadas.


Infeliz é a Nação que quer fazer história
Usurpando do povo a sua memória.


Um País só se torna soberano
Quando seu território é livre
Tem seixos minerais
Tem remendos de cetim
Tem palavras e flores de jasmins.


Grilhões, prisões e calabouços
Não prendem os sonhos humanos.
Unhas e cabelos, crescem todos os dias.
Desejos e amores, renascem em todos os momentos.
Macela e margarida têm um tempo certo
para florir.
Sonhos e vontades não têm tempo exato
nem para morrer.


Tolos são aqueles que pensam, ao contrário.

Governos passam,
tiranos também.
Virgindade é única,
amores são tantos.
Egoístas são maus,
ditadores são os que fazem o mau.
Mas os torturadores são o próprio Mal.


Fecharam o congresso.
Calaram os manifestantes.
Prenderam os comunistas
Mataram os corajosos.


Hoje eu posso abrir os olhos com a cara e a coragem.
Hoje eu posso dizer que sobrevivi a vida da própria vida.


Eu me lembro muito bem
Quando eu ia para faculdade de mochila nas costas.
Estudava literatura e didática
Mas o que mais me fascinava
Era como derrubar a ditadura militar.


Eu me lembro também
Que para ler sobre a vida e a trajetória
De Leon Trotsky, só de madrugada,
no porão de uma casa antiga,
numa famosa avenida paulistana.


E nas tardes livres de domingo
Ia panfletar nas ruas e nas favelas.


28 de janeiro de 2008

Por que as mães choram?














À Maria de Fátima Gama Massara

Por que as mães choram?
As mães choram porque seus ventres
dão frutos.
E as suas lágrimas
são salgadas.

As mães choram porque as suas mãos
são asas abertas
e fecundas.
Os seus pés andam por trilhas secretas
e profundas.
Por que as mães choram?
As mães choram quando os seus seios
estão secos não alimentam
as sementes e as promessas.
E os seus úteros vazios
escondem os choros e os sonhos.

As mães choram porque seus olhares
apontam e amparam caminhos:
solidão.
E os seus pensamentos ocultos
embalam e balançam sentimentos:
paixão.
Por que as mães choram?
As mães choram porque as suas noites
são suspiros e memórias.
E os seus dias
são afagos e histórias.

As mães choram porque
seus filhos são ventos que vão
e não voltam mais.
E as suas filhas são flores
que cantam sonatas e recitais.
Por que as mães choram?
As mães choram porque sabem
que as suas horas são setas
quase punhais.
E as suas esperas são orvalhos noturnos
quase matinais.

As mães choram porque o perfume
que exalam não vem de uma flor
de um jardim ou de uma fórmula
Mas de um único lantejo do amor.

Por que as mães choram?
As mães choram porque são criaturas
divinas e mortais.
Divinas porque choram
e porque choram são imortais.



Belo Horizonte/MG

27 de janeiro de 2008

haicai












Mal decifro o avesso,
para o verso desarrumar a alma
e a palavra desvairada desabar sobre mim

23 de janeiro de 2008

O Imaginário






À poetisa Márcia Sanchez Luz

O primeiro autor
Que me fez pensar
Em escrever um poema
Foi Edgar Alan Poe.
A minha rua era a chave
Para abrir a porta da minha imaginação.
Não precisava correr o mundo
O mundo estava dentro de mim.
O mundo não vê nada sou eu quem o vejo.
Não me fiz poeta, nasci!
É isso menina e poetisa
é o seu imaginário
que reacendeu a minha alma e o meu ofício,
outro ofício não tenho.
Só sei escrever poesia.

22 de janeiro de 2008

É tempo de primavera


Uma homenagem à Luísa (filha da minha amiga e colega de trabalho, Baúde) por existir e ter nascida no tempo propício da promessa de vida na vida e na estação do ano mais bela e pueril. Parabéns!!!!!!!






O amor é uma roseira à sua porta,
O sonho é um barco ao mar
A vida é uma brasa na lareira
Um pano que é tecido, fio a fio.

Eu vi a sua fotografia colorida
O seu rosto espelha leveza e clareza
Revelando a chegada da primavera.

E a pequena flor amarela voava,
Solta, levíssima, por um rumo secreto,
De alma evadida.

Tuas mãos de quinze anos, longas, límpidas, claras,
De unhas de cor de pérola,
Tuas mãos inocentes!

Já não sou eu, mas a flor
Que um dia se tem na mão.
É de um outro amor.


Você foi escolhida para nascer
Quando o jardim se derramasse em flores
E os pássaros grávidos aninhassem nos galhos.

A flor amarela está guardada em si mesma,
Seu perfume, sob mil pétalas tranqüilas,
Seu pólen resguardado contra o vão do descobrimento.

Nunca me lembro: se está ou aquela rua
Havia festa: vasta, clara e sem fim
Só sei que havia uma flor no jardim.

Nossos filhos têm outro idioma, outros olhos, outra alma.
Não sabem ainda os caminhos de voltar, somente os de ir.
Eles vão para seus horizontes, sem memória ou saudade,
Não querem prisão, atraso, adeuses:
Deixam-se apenas gostar, apressados e inquietos.

20 de janeiro de 2008

Agradecimento

Quero agradecer a gentileza da poetisa Márcia Sanchez Luz (uma das indicadas para o "Prêmio Caneta de Ouro - "Poesias in blog em 2007" – 1ª edição), por permitir que eu "linke" o seu blog "O Imaginário" no meu blog. Obrigado, muito obrigado.


17 de janeiro de 2008

Imagens e frases V


16 de janeiro de 2008

Liberdade

O nosso poeta maior, Carlos Drummond de Andrade, em seu poema "Consideração do poema" diz que as palavras não nascem amarradas, elas estão sempre soltas, às vezes até se beijam, brincam no céu livre sugerindo lindos desenhos. Na verdade o que ele sugere é que a vida só vale a pena se for pura, larga, autêntica e livre. Só quem é livre tem alguma coisa para dizer. Só quem é livre sabe ser feliz. Oscar Wilde diz de uma maneira muito mais sucinta:


Imagens e frases IV


15 de janeiro de 2008

Todas as Palavras de Minas

Poema IV

Só quem sabe olhar para cima
Tem condições de compreender o amor.
O amor é vertical, é espaço e é etéreo.
O amor é invisível como o cume das montanhas.
O amor é um campo tão florido quanto multicolorido.
O amor é um sentimento cheio de manhãs.
Ama quem acorda e levanta todos os dias.
O amor não é ciúme, não é prazer nem manias.
O amor não é saudade, não é nobreza nem pobreza.
O amor é uma pedra preciosa que tem a dureza
Para resistir ao tempo, às intempéries e à paixão.

14 de janeiro de 2008

Todas as Palavras de Minas

Serra da Mantiqueira
Ambiente magnífico, onde há uma das maiores concentrações de águas carbogasosas do nosso planeta.

Poema II

Dentro do coração dessa gente
Passa um rio de emoção
Uma cachoeira cristalina de beleza
Um regato límpido de prazer
Emoção, beleza e prazer
É o que o povo dessas terras
Sabe mais falar e sentir
Porque todos os dias de sua vida
Pode ver onde o sol nasce
E onde lua brilha na noite escura

11 de janeiro de 2008

haicai


Imagens e frases III


Imagens e frases II


10 de janeiro de 2008

Imagens e frases 1




Os amigos

Já se falou
tanto sobre os amigos
onde e quando
se devem guardá-los
mas, amigos, de verdade
são para cuidar
como se cuida
da alma e da vida,
da semente e da planta.

Amigo não se guarda
apenas se cuida e cativa.

9 de janeiro de 2008

haicai


8 de janeiro de 2008

haicai




haicai



7 de janeiro de 2008

Todas as Palavras de Minas Gerais

Minas Gerais:
É o Estado mais elevado do país, com 57% das terras acima dos 600 metros de altitude (serras da Mantiqueira e do Espinhaço). Vou postar os poemas do meu livro a ser publicado. É uma epopéia:


Poemas I

Falar de Minas com todas as palavras
É imaginar que estas montanhas
Um dia, com certeza,
Foram mares de águas doces e profundas
Porque um povo que pensa em liberdade,
riquezas, pedras e verdade
Não pisa em solo salgado
E só quem anda por caminhos e trilhas
Faz poesias, pão de queijo e cantigas de amor.

haicais
































4 de janeiro de 2008

haicai


2 de janeiro de 2008

Promessas dos primeiros dias do ano


Começo de ano
não é igual início de estação.
Ninguém adivinha onde vai cair o raio.
Nem quando a borboleta vai perder as asas.
Guardamos nossas promessas de ano novo
Dentro de redoma de vidro.
Promessas feitas no mar – as ondas levam.
Promessas feitas na sala – os deuses não ouvem.


Só os pássaros sabem de antemão quando vai chover.

haicais