30 de novembro de 2007

haicais









aprendi a gostar de poema
e de mim apesar desse abissal
que a vida insiste em cavar

vi o apartamento fechado
sem moveis e sem pintura
só o silêncio ao redor

não tenho os braços fortes
sou frágil igual mudança de rico
só sei guardar metáforas antigas

vasculho memória
carrego móveis
invento palavras

sonhos não abrem pálpebras.
as janelas abertas, sim!
deixam a claridade entrar no quarto

as paredes estão sujas
a vida está mais curta
e eu estou cheio de segredos

as montanhas de Minas
moldam meus passos
e as estrelas entrelaçam meus pés

a vida é cheia de apelo
só quero pele, bocas e pelos
o resto vem dos atropelos

a sala é comprida
o quarto é quadrado
e a solidão é tridimensional?

o chão é seboso e escuro
o banheiro é claro e limpo
e a porta tem duas tranca

eu tenho medo de mudar.
casar não posso mais
mas gosto de cheiro de tinta nova

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