a abelha procura o mel
as noites avançam para a claridade
o poema não substitui um beijo
muito além da noite
muito aquém da aurora
é na escuridão que nascem as estrelas
o poema se faz sem a menor sutileza
e se me escapa como um pássaro
ficam resquícios nas pontas dos dedos
o que restou é irrisório:
um facho de luz, uma semente
e o primeiro dia do ano-novo
nasci entre montanhas e rios
a noite não precisa de estrelas
ouço os ventos e me calo no silêncio
Tudo que existe entre a alma e o olhar
por mais claro que seja não decifra
– a vida não cabe nas palavras
Tudo que tenho são essas mãos vazias
os ouvidos atentos à quietude da alma
e os olhos fixos no vazio do dia
É pelos atalhos que vou mais seguro
porque toda distância tem um fim
e todos os caminhos levam ao mesmo infinito
3 de novembro de 2007
haicais
Postado por
Mauro Lúcio de Paula
às
11:48
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