15 de outubro de 2007

a noite tem seus ruídos
que não identifico
apenas fico calado apreciando

enquanto a noite sustenta as estrelas
eu fico, na janela do meu quarto,
com as mãos espantando a insônia


o que o dia me rouba
a noite clara não devolve
só a poesia me satisfaz e completa

o sorriso não purifica ninguém
porque a boca é oca
e a língua impura


a cigarra escolhe as tardes quentes
para cantar até morrer
e os girassóis ficam altivos ao meio-dia

os meus braços nunca foram fortes
para guardar e preservar os carinhos
que a minha mãe me dedicou

a minha cidade foi erguida
na curva de um rio de água doce
por isso nasci sobre pedras e me fiz poeta

eu não escrevo nada ou quase nada
apenas respiro e tento manter-me vivo
e sei que nem vento pode varrer a poesia

0 comentários: